Recibos de ações estrangeiras são opção de investimento no exterior a partir do Brasil; dividendos mais altos, de até 20%, são de BDRs de Reits
Por
Mariana Segala
Aos investidores interessados em BDRs (Brazilian Depositary Receipts), atenção: esses títulos – que representam ações de companhias estrangeiras, porém emitidos no Brasil e negociados na B3 – também pagam dividendos. E em alguns casos, os proventos são polpudos.
Um levantamento realizado pela XP mostra que dentre os BDRs disponíveis na Bolsa brasileira alguns têm dividend yield (taxa de retorno com dividendos) projetado de até 20% para os próximos 12 meses.
Os maiores dividend yields são de REITs (Real Estate Investment Trusts), empresas que realizam investimentos imobiliários e são vistas como os equivalentes americanos dos fundos imobiliários (FIIs). É o caso dos papéis da Annaly Capital Management, sediada em Maryland, nos Estados Unidos, que tem uma retorno estimado em 20,3% nos próximos 12 meses; assim como da Apartment Investment and Management, com dividend yield projetado em 19% no mesmo período.
Quem adquire um BDR passa a ter, indiretamente, uma ação ou parte de uma ação de uma companhia estrangeira. Quando essa ação paga dividendos, o investidor do BDR também recebe esses proventos, embora seguindo critérios de tributação diferentes dos recebidos por ações e fundos imobiliários brasileiros.
Assim como ocorre nas ações brasileiras e fundos imobiliários, para receber os dividendos distribuídos pelos BDRs é preciso ter os papéis na carteira até uma determinada data de corte – a chamada “data com”. A partir da “data-ex”, quem comprar os papéis não fará mais jus aos proventos anunciados.
Segundo o levantamento da XP, há dez BDRs com “data com” prevista ainda ao longo de outubro. Entre eles, há nomes conhecidos, como o da empresa de tecnologia indiana Infosys e o da finlandesa Nokia.
Os dividendos de BDRs são pagos em dólar ou em real?
É preciso lembrar que mesmo que as empresas de origem distribuam os dividendos em dólar, o investidor que possui os BDRs na B3 recebe os proventos em reais. Não é preciso se preocupar com o fechamento do câmbio, pois a própria instituição emissora do papel entrega o valor com a conversão do câmbio já feita.
Os dividendos são creditados na conta do investidor já líquidos dos impostos retidos no exterior, do IOF sobre a operação de câmbio e das taxas do custodiante das ações de origem no exterior, que em geral vão de 3% a 5% do valor dos dividendos pagos.
Os dividendos de BDRs também são isentos de Imposto de Renda?
Os dividendos de BDRs estão sujeitos às normas tributárias do país de origem das respectivas ações. Dessa forma, incidirá sobre esses rendimentos a alíquota de imposto determinada por cada um desses países. Confira as alíquotas praticadas em algumas localidades no guia do InfoMoney sobre dividendos de BDRs.
É importante que o investidor saiba que, diferentemente das ações e FIIs, os dividendos de BDRs têm incidência de Imposto de Renda.
Daniel Moreti, sócio do Fonseca Moreti Ito Stefano Advogados, explica que, sempre que receber dividendos do exterior, o investidor precisa reconhecer o ganho e pagar o Imposto de Renda por meio do Carnê-Leão até o último dia útil do mês subsequente ao recebimento. Quanto às alíquotas, aplica-se a tabela progressiva, que vai de 7,25% a 27,25% de IR sobre os valores recebidos.